terça-feira, 30 de setembro de 2008

Daedalus

E quando os dias nos falham? E quando olhamos para nós mesmos e vemos apenas o pó que restou do que poderia ter sido?

Quando nossa imagem projetada não nos segue e tropeçamos nas mentiras que contamos a nós mesmos...

Qual será o vento a me soprar, agora que não tenho mais asas?

Resta-me cair e aguardar o amanhecer.

A noite me espera para contemplar o destino que se despedaça e dá lugar à vida...

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Ad Nauseum / Ab Aeterno

Como hoje não tive tempo para pensar em banalidades existenciais, vou compartilhar o único sentimento intenso que tive: náusea.

Nessas últimas semanas, tenho sido agraciada todos os dias pelo horário eleitoral gratuito no caminho para o trabalho.

De início, confesso que o desfile de ignorância enlatada me divertia. A total ausência de senso do ridículo combinada ao cinismo explícito criava uma comédia de humor negro de primeiríssima qualidade.

Estavam lá todos os elementos: um protagonista desonesto e simplório, uma série de ações atrapalhadas e uma platéia disposta a desprezar esse indivíduo (tão próximo de nós) como um objeto de expurgo coletivo.

Mas, hoje, aquela sombra refletida da qual ria fitou-me de volta. Estava lá, pública e orgulhosa, exibindo tudo o que mais desprezo em mim mesma e rompendo com minha suposta humanidade.

Covardemente, quis apenas silenciar aquela voz fanha, desligar-me da realidade e abdicar do meu papel no mundo...

Entretanto, estou irremediavelmente inserida neste universo. Cada respiração, cada pulsar — e cada pensar — contaminando meu interior e tornando-me outra, mais próxima de quem realmente sou.

Ao escolher a vida (pois, sim, nossa liberdade avassaladora nos permite escolher até isso) escolhi também os outros, a dor, a morte.

Em nome da graça, submeto-me ao caos. Que a incerteza e a angústia me tomem e me façam viva, que meu semelhante me arrebate com seu mistério insondável e mude meu olhar; que a certeza da morte brilhe como um sol poente sobre meus passos, sem nunca ofuscar a beleza do caminho.

E que acabe logo a propaganda política, para que eu possa voltar às minhas ninharias egoístas.

"Um mundo todo vivo tem grande força — a força de um inferno." (Clarice Lispector)

domingo, 28 de setembro de 2008

Meu cinismo é baseado em fatos reais

Primeiro, minha estratégia de enfiar "viagra" no meu post sobre spam deu certo. De acordo com o Google Analytics, uma mosquinha já caiu aqui através da query "sex".

Segundo, como comentei há pouco com um amigo, seres humanos são capazes disso:

"Ladrões cortam e roubam perna de 'homem santo' na Índia"

Terceiro, bem, o Orkut existe...

δήμος

Algo entre a costela assada no almoço e o sorvete de cerejas no café da tarde me fez refletir sobre os limites da democracia (não, não foi a indigestão).

Perguntei-me se plebiscitos que alteram profundamente a estrutura do sistema político são realmente válidos.

O argumento óbvio a favor de tal instrumento é que ele permite à maioria decidir o tipo de governo que quer, evitando que a elite política aliene o resto da população.

Mas, é nesse ponto que mora meu questionamento. A constituição americana, inspiração para vários estados modernos, foi elaborada pela elite intelectual daquele país. E uma das maiores virtudes do modelo estadunidense é justamente preservar um núcleo de princípios e relegar ao "povo" decisões que giram em torno desse núcleo imutável.

Quando o sistema se deixou levar pelo clamor popular, o resultado foi o Patriot Act, aquela estrovenga que permite que imigrantes sejam detidos por tempo indeterminado e que desrespeita diversas cláusulas da constituição em nome da "necessidade" de se combater o terrorismo.

Então, eis as minhas questões:

Até onde vai o direito da maioria?
e
É correto que uma "elite iluminada" imponha seus valores e proteja a população de si mesma?

Obs.: O Patriot Act foi votado pelo congresso, não sendo resultado de uma consulta direta. Entretanto, sua aprovação só foi possível por que boa parte da opinião pública estava disposta a ignorar a sua natureza autoritária.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

It's been a Hard Day's Night


...And I've been wondering an awful lot

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

All that could have been...

Sobre o que poderia escrever? Talvez sobre o que sinto. Pois bem, sinto vontade de escrever, mais ainda, sinto vontade de conversar. Não tanto pelas vozes e pela proximidade, não tanto pela ausência que procura um outro, mas, sim, pela plenitude e pelo desejo de compartilhar.

Estou sentada sob os galhos secos de uma árvore que se conteve em si mesma por causa do frio, seus ramos esperançosos recortando o céu cinza-profundo. Aos poucos, meu corpo também se encolhe - e treme. Should I go back in?

Tão cheia de vida, com tanto a dizer - com tanto a compartilhar. Ainda assim, faltam-me palavras. Minha plenitude é suave, silenciosa e, provavelmente, efêmera.

Hoje, e somente hoje, a dor é apenas um verso de um poema, infinitamente belo e complexo. Hoje, eu poderia dar ao mundo o melhor de mim, mas não há ninguém ao meu lado.

O vento sopra. É hora de entrar.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Há blogs que já nascem póstumos

Pois bem, meu blog, com seus míseros três posts, foi apontado pelos robôs do Google como sendo um blog de Spam. Confesso que isso já é muito mais atenção do que eu esperava para ele... Quem sabe agora eu não consiga atrair alguns trouxas que procuravam métodos para aumentar seu pênis?

Não entendendo o porquê de ter caído na peneira do algoritmo, fui ver a explicação do Google:

"spam blogs (...) can be recognized by their irrelevant, repetitive, or nonsensical text"

Oras!, aí está! Sabia que não conseguiria sair impune por muito tempo - Damn it! Acho que serei obrigada a escrever sobre minhas agruras como garota de programa de classe média para ter meu talento literário reconhecido...

Mas, como diria uma amiga minha, "tá no inferno, abraça o capeta!". Entonces, lá vai:

VIAGRA
SAIA DO SERASA
VÍDEO DANIELLA CICARELLI
VIAGRA
BRUNA SURFISTINHA
EMAGREÇA SEM ESFORÇO
VIAGRA
PAULO COELHO
VIAGRA

E, para finalizar:

"Spam spam spam spam spam spam, baked beans, spam spam spam!"

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Admirável Mundo Colono

Como pessoa cosmopolita e engajada que sou, não poderia deixar de retratar a realidade contemporânea pós-moderna neoneodadaísta que me cerca.

Hoje, aqui no centro econômico e cultural do Vale do Itajaí, a que chamo carinhosamente de "dull-menau", tivemos um evento para celebrar o espírito cívico chamado "Dia sem Carro".

Ironicamente, o trânsito hoje estava pior do que nos outros dias "com carro". Sempre disposta a interpretar a mente humana com o máximo de ternura possível, tentei formular uma explicação:

Premissa 1: Hoje é o dia sem carro
Premissa 2: Em um dia sem carros, o trânsito tende a ficar melhor
Premissa 3: Com trânsito bom, é mais vantajoso usar um carro

Conclusão genial: Hoje é o dia perfeito para se sair de carro! (expressão de "eureka!").

Ao inserir em um sistema movido por agentes egoístas a certeza de que a maioria será altruísta, cria-se o espaço necessário para que os indivíduos explorem esse nicho de oportunidade e atuem à sombra da ação coletiva em benefício próprio...

Ou, como diria nosso sábio presidente Macunaíma: ''Cachorro que tem muitos donos morre de fome porque ninguém cuida''.

domingo, 21 de setembro de 2008

Etimologia

Sobre o nome deste blog:

http://www.youtube.com/watch?v=LbuznwLbTJ0

"This was a man
who had tiny hands, tiny arms
and tiny feet

But, this was a man who was 
a giant on the inside
and he marched to his own special beat
(I wrote that line myself)

He was not afraid to take a tumble
and he knew he would have to fall
but now he is in heaven
and our tiny friend is seven feet tall

There's a special place in heaven
for the bearded ladies and the circus geeks
for the dog faced boy
and the siamese twins
because in heaven there no freaks
that's right! in heaven
our wonderful dead Mitch
is no longer a freak


Go to the light, Mitch
go into the light"

Genesis

Atendendo a inúmeros pedidos (um), de todos aqueles que apreciam meus pensamentos (uma pessoa), resolvi, finalmente, pausterizar meu sarcasmo, colocar em saquinhos e distribuir para os incautos virtuais.

Não tenho nenhum objetivo a não ser o de me divertir e, ocasionalmente, explorar aquilo que normalmente se perderia no silêncio.

Vejamos como me sairei na tarefa de me expor de forma tão irrestrita e, diria, gratuita, já que realmente não acredito que tenha algo a oferecer ao mundo. Se tivesse, compraria uma filmadora, pediria auxílio governamental e faria um "ensaio" sobre a vida de alguma população ribeinha mambembe que saciasse meu interesse de classe média progressista em bons selvagens que ainda não foram maculados pelo capitalismo malígno...

E, sim, como este é o meu blog, ele já começa com uma crítica irônica logo no primeiro post.

Enjoy the ride (sickness bags are beneath the seats).