Já escrevi diversas vezes sobre o limite entre o viver e o simplesmente existir. Sobre os passos que damos sem saber, sobre as horas angústia que engolimos em nossas refeições diárias tão banais; sobre todos aqueles momentos em que poderíamos ter vivido, e escolhemos apenas existir.
O quanto tenho varrido para dentro de minhas feridas? O quanto tenho mentido para manter minha máscara encardida? Não sei...
Mas, ainda assim, seguro-me a este espantalho abandonado, que cumpre tão bem sua função. Aqui, pregada a esta cruz, finalmente pareço estar indo a algum lugar, finalmente pareço estar fazendo a parte que me cabe.
E aquelas figuras cada vez mais distantes que eu antes observava e amava? Cansaram-se de esperar que eu viesse à vida.
domingo, 16 de novembro de 2008
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Aforismos afóticos
É muito fácil ter compaixão por quem não se conhece. Conhecer o pecado e, ainda assim, amar o pecador é o verdadeiro desafio.
É teu inimigo que mostra quem realmente és. Teus amigos apenas mostram quem poderias ser.
O peso de ser nós mesmos é o peso da morte. É ela que rompe a liberdade para nos trazer ao mundo do destino.
É teu inimigo que mostra quem realmente és. Teus amigos apenas mostram quem poderias ser.
O peso de ser nós mesmos é o peso da morte. É ela que rompe a liberdade para nos trazer ao mundo do destino.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Whispers
Os corações silenciaram, a chuva aquietou. Sobram-me apenas umas gotas de chá.
Aquilo que me aquecia e me consolava está distante, mudo como o vento.
Procuro dentro de mim a vida que me escapa, mas as sombras me ofuscam. Restam, como sempre, as palavras, para negar o inevitável.
Em minha auto-necropsia, encontro artérias ainda pulsando. A dor libera os sonhos encobertos de seu transe e olhos ternos refletem minha inquisição própria. Extraio-me de mim mesma.
Em meio à noite, por fim, vejo o sol. Chove.
Aquilo que me aquecia e me consolava está distante, mudo como o vento.
Procuro dentro de mim a vida que me escapa, mas as sombras me ofuscam. Restam, como sempre, as palavras, para negar o inevitável.
Em minha auto-necropsia, encontro artérias ainda pulsando. A dor libera os sonhos encobertos de seu transe e olhos ternos refletem minha inquisição própria. Extraio-me de mim mesma.
Em meio à noite, por fim, vejo o sol. Chove.
Um mero momento
"O autor quer viver através da palavra, que é a negação da morte"
- Lygia Fagundes Telles
- Lygia Fagundes Telles
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